Domine a arte do planejamento de obras para economizar tempo e dinheiro

By Diana Ramos | 3 de October de 2017

Imagine o mundo sem a Ópera de Sydney ou o Empire State Building. Essas estruturas se tornaram tão icônicas que mal conseguimos lembrar o nome dos arquitetos e construtores que as trouxeram à vida a partir do vazio.

Os planejadores de obras supervisionam o processo de imaginar o edifício concluído e trabalhar na ordem inversa para determinar como completá-lo. O planejamento de obras envolve identificar todas as etapas necessárias para erguer uma estrutura, dividi-las em atividades definidas, ordenar essas etapas logicamente e determinar os materiais, mão de obra e equipamentos necessários. 

Se você não tem um plano consistente, a probabilidade de sucesso do seu projeto de construção diminui drasticamente. Panejamento é fundamental para projetos complexos, quer sejam de novas residências, quer de shoppings gigantes. Neste guia, abordaremos todos os aspectos importantes do planejamento de obras, incluindo o planejamento do canteiro, segurança e técnicas de planejamento Lean. Também oferecemos dicas de especialistas em planejamento de obras, bem como modelos gratuitos para download para ajudar você a começar com seu plano de construção.

O que é planejamento de obras?

O planejamento de obras é a primeira etapa do gerenciamento de construção: a disciplina de levar um projeto de construção civil da concepção à conclusão. No entanto, o gerenciamento de construção inclui vários outros componentes que sucedem o planejamento, sendo o cronograma a etapa que decide quando começar, executar e concluir cada tarefa. A organização diz respeito a colocar todos os elementos em movimento para executar cada tarefa. A divisão de pessoal é a atribuição das pessoas às funções relacionadas ao projeto. A direção é o que garante que você completará as tarefas conforme planejado, e o monitoramento dá conta do cumprimento dos requisitos e benchmarks de desempenho definidos durante uma fase determinada do planejamento. Se você deixar de atender a esses requisitos, precisará dedicar um tempo considerável à fase de controle, que envolve o gerenciamento do orçamento e o cumprimento dos requisitos de um contrato.

Como os humanos têm erguido edificações há milhares de anos, o planejamento de obras é uma disciplina antiga. Podemos voltar ao período Neolítico, época da construção de Stonehenge na Europa Ocidental, e identificaremos alguma forma de planejamento de projeto de obra já nesse período.

Hoje, as ferramentas, técnicas e equipamentos que os construtores usam mudaram, mas o planejamento continua sendo parte integrante do processo de gerenciamento de obras. Embora o planejamento de obras seja demorado, os benefícios superam muito os custos. Um estudo de 1994 do Construction Industry Institute (CII) encontrou uma "relação positiva e quantificável entre o esforço gasto durante a fase de planejamento pré-projeto e o sucesso final de um projeto".

Para ser eficaz, você deve abordar o planejamento de obras com lógica, minuciosidade e honestidade. Você precisará de conhecimento e experiência em métodos de construção civil e contratação, e os planejadores devem visualizar as tarefas e atividades e entender as relações entre elas para que possam realizá-las em uma sequência eficiente.

Metas dos planejadores de obras: tempo, custo, qualidade e segurança

Os objetivos do planejamento de obras são os mesmos para todos os projetos: construtores e proprietários se esforçam para atender aos requisitos de custo, cronograma, qualidade e segurança. O processo do planejamento de obras também deixa claro quais são as responsabilidades dos proprietários e construtores, estabelecendo as bases para uma comunicação contundente e melhor trabalho em equipe.

No processo do planejamento de obras, você produzirá um documento chamado plano diretor de construção. Ele explica como você vai programar, organizar, dirigir, monitorar e controlar o projeto e seu objetivo atender aos requisitos técnicos, de tempo e custos do projeto. O plano diretor de construção inclui três tipos de planejamento: planejamento estratégico, planejamento operacional e cronograma. 

  • Planejamento estratégico: determina, define e articula os objetivos do projeto. Responde a perguntas importantes sobre a missão de um projeto, como ele vai alcançá-la e como esses objetivos se alinham com a estratégia maior do financiador do projeto ou proprietário. Em suma, o planejamento estratégico é a análise geral que o financiador do projeto realiza.
  • Planejamento operacional: aprofunda-se nos detalhes de como o projeto cumprirá seus objetivos estratégicos e se ele é capaz de atendê-los em tudo. As equipes de construção avaliam se têm os recursos necessários para cumprir os objetivos estratégicos, identificam quaisquer deficiências e buscam a aprovação do financiador para sanar essas deficiências. 
  • Cronograma: distribui o plano operacional em uma escala de tempo projetada, incluindo a data de conclusão prevista. Esse tipo de planejamento não envolve um cronograma altamente detalhado de cada tarefa de um projeto (que é uma atividade separada e geralmente segue a fase de planejamento). Em projetos grandes, elaboradores especializados criam cronogramas detalhados. 

Um aspecto crucial do planejamento de obras é criar um plano de segurança para o canteiro (o que é especialmente importante para projetos maiores). A construção civil é uma indústria perigosa, e reguladores como a OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA) podem exigir um planejamento de segurança. No canteiro, os construtores, geralmente por meio de um representante de segurança, devem determinar quais são os perigos e decidir como evitar, mitigar ou gerenciá-los. O planejamento de segurança abrange uma série de atividades, desde treinamentos de segurança e primeiros socorros até a garantia de que equipamentos e áreas de trabalho atendam às normas de segurança e incentivem ou exijam que os trabalhadores adotem práticas seguras no trabalho.

Tipos de projetos de construção: Residencial vs. Comercial

Grosso modo, você pode categorizar projetos de construção civil como residenciais ou comerciais. Os projetos residenciais incluem unidades de habitação anexas (ADUs), deques, garagens, estruturas anexas e reformas, muros de contenção, projetos ao ar livre e demolição de moradias. Projetos comerciais abrangem desde pequenas empresas e espaços de escritório até megaprojetos. Essas duas classes de projetos diferem muito uma da outra. 

Os projetos residenciais são tipicamente menores do que os comerciais e não estão sujeitos a tantos requisitos dos códigos. Além disso, os construtores usam estruturas de madeira para construções residenciais em vez do concreto e do aço usados em projetos comerciais. Os interiores também diferem: projetos comerciais priorizam funcionalidade e durabilidade; projetos residenciais dão mais ênfase à estética, conforto e gosto pessoal. 

Na parte funcional, os projetos comerciais geralmente têm requisitos de infraestrutura mais extensos, como elevadores, escadas rolantes, estacionamento, eletricidade e saídas de emergência, além de resfriamento, aquecimento e ventilação em larga escala. O grau mais elevado de complexidade dos projetos comerciais exige maior especialização de construtores e mais terceirizados. A grande escala exige equipamentos e recursos especializados. 

Os orçamentos para projetos comerciais são muito maiores do que os de projetos residenciais. Na perspectiva do empreiteiro, projetos residenciais talvez exijam menos tecnicamente, mas trabalhar com proprietários que estão pessoalmente investindo pode ser mais delicado do que lidar com um cliente empresarial ou governamental.

Etapas de planejamento de obras para a reforma de uma casa

Vamos analisar as etapas de uma reforma típica de uma casa, que é um dos tipos maiores e mais caros de projeto residencial. O projeto da reforma de uma casa é um bom estudo de caso porque as etapas são semelhantes a projetos comerciais muito maiores, ainda que em menor escala.

  • Seleção de um designer: arquitetos e designers oferecem serviços que vão desde o design de uma unidade inteira (no caso de arquitetos), passando pela seleção de cores e materiais (no caso de designers de interiores), até uma variedade de soluções colaborativas entre essas opções. Os proprietários se reúnem (ou deveriam) com vários designers para decidir quais estão mais alinhados com seus objetivos de design e orçamento.
  • Criação de esquemas: o designer cria uma planta baixa para a reforma e conversa com o proprietário até que ambos os lados concordem com um design. No caso de um projeto residencial, o design esquemático é efetivamente o plano do projeto.
  • Seleção de um empreiteiro: as entrevistas feitas com empreiteiros para um trabalho usam os esquemas para criar uma estimativa preliminar dos custos. O proprietário verifica as referências e garante que esteja contratando um empreiteiro com um histórico bem-sucedido em projetos semelhantes. 
  • Compra de acabamentos e materiais: essa etapa inclui a identificação dos acabamentos e materiais para a reforma. O empreiteiro pode fazer sugestões com base no orçamento e planejar a chegada dos materiais a tempo. Enquanto isso, o arquiteto finalizará o plano da construção e preparará os pedidos para as licenças de construção.
  • Obtenção das permissões: solicitar uma permissão pode ser um processo demorado e caro e, por isso, ao estimar uma data de conclusão, os proprietários precisarão levar em conta essa etapa e esperar que as permissões cheguem.
  • Assinar com um empreiteiro: quando o empreiteiro tiver obtido as permissões, ele estará pronto para assinar o contrato. Antes de fazer isso, o proprietário e o empreiteiro podem fazer uma análise do valor, revisando aspectos do projeto para reduzir custos. A essa altura, o empreiteiro também terá determinado as datas em que os materiais e itens precisam ser entregues para que o trabalho possa progredir.

Como o planejamento da reforma de uma casa, o planejamento de um projeto comercial inclui tanto as atividades de planejamento que discutimos anteriormente ― planejamento estratégico, planejamento operacional e cronograma ― quanto alguns elementos de alto nível de design de uma edificação. Durante a fase de design de um projeto comercial, clientes, arquitetos e engenheiros trabalharão juntos para criar um design de construção que atenda aos requisitos do cliente. A pré-construção, que envolve diferentes atividades de acordo com o projeto, pode incluir coisas como avaliação de design, análises de valor, avaliações de construtibilidade e licitação de empreiteiros. O processo de compras consiste na aquisição dos materiais e serviços necessários para concluir o projeto. A construção se refere ao processo de levantar a estrutura de acordo com os planos. A construção é seguida pelo comissionamento, que é o processo de verificação de que os sistemas de uma edificação estão em ordem para funcionar adequadamente.

Participantes do processo de planejamento de uma obra comercial

Qualquer projeto de construção envolve várias partes essenciais. Veja a responsabilidade de cada uma delas:

  • Cliente e financiador: o cliente e o financiador de um projeto são, salvo raras exceções, a mesma parte, ainda que as duas funções sejam distintas: o cliente é o usuário final da edificação e o financiador paga pelo projeto. Nos casos em que o cliente e o financiador não são a mesma pessoa, é responsabilidade do financiador aprovar as mudanças em um projeto. Um exemplo de financiador e cliente separados é o caso de um desenvolvedor e um proprietário de um prédio.
  • Empreiteiro: é um termo abrangente para pessoas e empresas que assumem uma obrigação contratual de prestar serviços em um projeto de construção. A maioria dos grandes projetos terá um empreiteiro geral com muitos terceirizados trabalhando sob sua supervisão. O empreiteiro geral é quem assina o contrato com o cliente/financiador, sendo diretamente responsável perante o cliente e financiador pelo sucesso do projeto, mesmo que não se envolva diretamente em nenhum trabalho de construção em si e, em vez disso, deixe todo o trabalho a cargo de terceirizados especializados. O terceirizado é geralmente um especialista que realiza uma parte limitada do esforço geral de construção. O empreiteiro geral organiza, coordena e supervisiona os esforços dos terceirizados.
  • Consultores: é qualquer parte cuja responsabilidade oficial é fornecer direção e conhecimento especializado durante as fases de planejamento, design ou construção de um projeto. É muito mais provável que você veja consultores em projetos comerciais, já que eles são necessários devido à especialização que têm em uma determinada área de conhecimento (como a obtenção de uma certificação LEED) que não seja uma parte padrão dos projetos residenciais.
  • Fornecedor/prestador: fornecedores ou prestadores vendem os materiais que você utiliza em um projeto. O termo fornecedor tem uma definição flexível e pode descrever aqueles que prestam serviços, não apenas materiais. Você também pode considerar arquitetos e outros profissionais de design como fornecedores/prestadores.
  • Arquitetos e engenheiros: aqueles elaboram um design para o projeto; estes garantem que o design funcione. O arquiteto é o designer-chefe de um projeto. É o profissional que cria o esquema acordado (com o cliente e o financiador) e, em seguida, trabalha com o engenheiro para finalizar os elementos técnicos do design. O arquiteto também fornece os detalhes do projeto necessários para a obtenção das permissões. O engenheiro também pode ser considerado um especialista em design, mas seu trabalho se concentra na funcionalidade e na construtibilidade. Os engenheiros garantem que os projetos do arquiteto sejam práticos, viáveis e estruturalmente seguros.

Os benefícios do planejamento de obras para proprietários e construtores

Para entender como o planejamento de obras beneficia os projetos, precisamos compreender as preocupações das duas partes principais em qualquer esforço de construção: os proprietários e os construtores.

Os proprietários de qualquer projeto estão interessados em três coisas: que o projeto seja entregue de acordo com o escopo acordado, que a obra seja concluída mantendo o custo definido ou abaixo e que o prazo seja cumprido. 

Se o projeto atrasar, você perderá receita porque o prédio não estará pronto para uso, seja para a locação ou para servir de instalação para a fabricação de produtos. Se os custos excederem as expectativas, o retorno do investimento será reduzido. Atrasos e custos excessivos podem indicar que levará mais tempo para pagar os empréstimos, o que também deixará o projeto mais caro. Também pode haver consequências fiscais.

Os proprietários também precisam saber quando devem liberar os recursos, para que não se tornem vítimas de uma crise de fluxo de caixa. Além disso, eles precisam estar cientes de como atrasos e excedentes podem afetar sua imagem e sua capacidade de comercializar o projeto com eficiência. 

Os construtores, por sua vez, estão preocupados com sua própria eficiência e rentabilidade. Alguns métodos de licitação exigem que os próprios construtores cubram certos custos não orçados em vez de cobrá-los do proprietário do projeto. Eles também são responsáveis por garantir a qualidade do produto final e a segurança do canteiro de obras. Tanto o primeiro quanto este último afetam sua reputação e o sucesso futuro de seus negócios.

 

Bilox Wells

Cada projeto de construção é exclusivo de alguma forma, seja no design, canteiro, materiais ou participantes. A Bilox Wells, uma grande gestora de projetos de construção e operadora do site de avaliação de empreiteiros FindHomePro, diz que construtores experientes sabem que a probabilidade de atrasos sempre existe.

"Seu projeto, sem dúvida, levará mais tempo, será mais difícil e mais caro do que o originalmente planejado. Tenha isso como regra, mesmo que você tenha a sorte de encontrar um caminho mais livre. Se você entrar em um grande projeto esperando ter alguns sobressaltos, quando eles vierem, você não perderá totalmente o rumo. Deixe alguma folga em seu cronograma e tente resolver os problemas com naturalidade. Você provavelmente está trabalhando em um projeto maior e mais complicado do que parecia no início", diz a Wells.

 

O planejamento de obras pode economizar dinheiro e tempo

O planejamento de obras pode ajudar a minimizar os custos, otimizando a utilização de recursos e equipamentos. Mesmo em projetos residenciais pequenos, você talvez precise alugar os equipamentos necessários. Em grandes projetos comerciais, alugar ou comprar equipamentos especializados é caro e maximizar a utilização reduz as despesas. 

Em um projeto complexo, o planejamento de obras também organiza e coordena as muitas partes envolvidas. Ter um processo melhora a comunicação entre membros da equipe e partes interessadas e revela hipóteses irreais ou uma lógica deficiente. Com um projeto planejado corretamente, todos sabem quando os terceirizados devem entrar em cena e que trabalho precisa ser concluído antes da chegada deles. Você não deve manter materiais e equipamentos ocupando espaço por dias ou semanas e possivelmente gerando custos excessivos de aluguel porque chegaram muito antes de você precisar deles.

Como, por definição, o planejamento de obras ocorre antes do início dos trabalhos, ele é a oportunidade que você tem de antecipar e planejar soluções para problemas. Esses benefícios se traduzem em um uso eficiente do tempo durante a construção em si, bem como em melhores soluções, já que você não terá de elaborar um plano sob pressão. O planejamento de obras pode abrir caminho para métodos mais inovadores na resolução de desafios da construção civil.

Scott Truehl

Scott Truehl é um empreiteiro geral de Wisconsin, que trabalha com a Friede & Associates. Ele diz que os clientes obtêm os melhores resultados quando ficam à vontade para compartilhar informações durante a fase de planejamento.

"Peço aos nossos clientes que sejam abertos e honestos conosco, para nos tratarem como se fôssemos seus contadores ou advogados. Desse modo, conseguimos entender o orçamento, cronograma e metas do projeto de construção deles", diz Truehl. "Mais de 90% de nossos projetos são projetos de construção com design, onde estimamos o orçamento durante todo o processo de design. Muitas vezes, os clientes em potencial escolhem o método de licitação de design padrão e/ou não estão dispostos a abrir e compartilhar informações.”

Os empreiteiros que dominam o planejamento de obras desenvolverão um histórico de conclusão de projetos dentro do prazo e do orçamento.

Para maximizar os benefícios do planejamento de obras, siga algumas práticas recomendadas:

  • Certifique-se de fazer um planejamento em equipe. Dando ouvido a outros, você reduzirá muito as chances de ignorar algo importante.
  • Para simplificar as coisas, identifique primeiro as maiores tarefas de um projeto. Então, quando necessário, divida essas tarefas em subtarefas.
  • Atribua essas tarefas a indivíduos e empreiteiros. Em seguida, crie um cronograma que informe a todos o que e quando eles devem fazer. 
  • Certifique-se de que esse cronograma tenha uma data de conclusão e nunca deixe de segui-lo.
  • Você pode se ater à data de conclusão e seguir o cronograma monitorando o progresso regularmente. Certifique-se de acompanhar e atualizar regularmente o progresso para manter o fluxo de informações entre os participantes. 
  • Você também pode usar modelos para facilitar o processo de planejamento: basta listar as informações necessárias nos espaços fornecidos e modificar o modelo para atender às necessidades de seu projeto. Fornecemos abaixo dois modelos gratuitos para download que podem ser utilizados para criar um cronograma de construção e um relatório diário ou semanal de inspeção. Você também encontrará outros modelos úteis no decorrer do artigo. 
Cronograma do Projeto de Construção

‌Baixar modelo de cronograma de construção

Excel

Registro de trabalho diário e semanal

Baixe o modelo de registro de trabalho diário e semanal do Excel

Conceitos básicos do planejamento de obras

Embora o planejamento de obras seja importante, as etapas e os princípios não são complicados. O desafio é passar pelas etapas de forma minuciosa e diligente. A experiência e o treinamento melhorarão suas habilidades, e há boas aulas e textos disponíveis.  

Os planejadores de obras tomam decisões vitais sobre as tecnologias e métodos de construção utilizados em um projeto. Por exemplo, ao preparar concreto no canteiro, que tipo de betoneira os construtores usarão: uma que possa ser movida por dois homens, uma que precise ser transportada em um caminhão ou um caminhão-betoneira? A decisão depende não apenas do tamanho do projeto e dos custos relativos, mas também das restrições técnicas e eficiência. Talvez a edificação tenha muitos andares, mas devido a restrições de espaço, você precisaria estacionar um caminhão-betoneira longe do elevador que leva o concreto ao último andar. Ainda valeria a pena optar por um caminhão-betoneira?

Para qualquer projeto de construção, a metodologia do gerenciamento do planejamento de obras passa por três etapas: a etapa de licitação, a concessão de um contrato e o período de construção

Durante a etapa de licitação, o empreiteiro prepara um programa de licitação. Após a concessão do contrato, os gerentes de projeto preparam um segundo programa, o programa do contrato. Este é muito mais detalhado do que o de licitação. Você desenvolve esse programa com a contribuição do arquiteto e do proprietário do projeto e ele é a base para o monitoramento do projeto. 

Durante a construção, você implementa o programa do contrato como o programa de construção. O programa de construção orienta o trabalho no campo e pode ser renegociado conforme o trabalho no projeto muda.

Colocar as atividades de construção na ordem certa

As etapas mais básicas para cada projeto, desde o menor até o maior deles, envolvem determinar e definir todas as tarefas envolvidas, bem como as relações entre elas.

O número de tarefas em um trabalho pode variar de algumas dezenas, no caso de um pequeno projeto residencial, a milhares, quando lidamos com um megaprojeto comercial. Cada tarefa é uma unidade individual de trabalho e quase todas elas terão algum relacionamento com as tarefas que a precedem ou a sucedem. Por exemplo, você só pode pintar as paredes depois de instalar a fiação elétrica, e a segunda demão de tinta só poderá ser aplicada após a primeira secar. Projetos grandes envolvem tantas tarefas que todos ficariam inevitavelmente confusos se a ordem delas não for predeterminada. 

Para facilitar o planejamento, construtores e planejadores usam uma nomenclatura padronizada para nomear, organizar e classificar o trabalho de um projeto. Um exemplo é o MasterFormat, um sistema desenvolvido pelo U.S. Construction Specifications Institute (CSI) e pela Construction Specifications do Canadá. Nesse sistema de codificação, você identifica cada produto de um trabalho com uma série de números que descreve uma categoria principal e subcategoria, além do tipo de trabalho envolvido. Por exemplo, os acabamentos estão na divisão 09, e o subgrupo 30 é para azulejos. O código do assentamento de revestimento cerâmico no MasterFormat é 09 30 23, que será usado no plano da construção. 

Depois de colocar todas as tarefas em uma ordem sequencial lógica, você precisa organizá-las em um cronograma completo de projeto, que estabelece a relação entre todo o trabalho e as demais tarefas. Para fazer isso, o planejador de obras precisará saber quanto tempo cada tarefa levará, para que consigam alinhar a próxima tarefa a tempo. Com um cronograma principal ou auxiliar totalmente detalhado, os planejadores conseguirão prever com facilidade os recursos e equipamentos necessários em qualquer estágio de um projeto (supondo que o projeto siga o plano).

Permissão: uma etapa crucial no planejamento de obras

Os proprietários e construtores de um projeto precisarão obter permissões dos governos locais para iniciar uma construção ou uma grande reforma. Eles precisam verificar se a estrutura atenderá aos códigos de construção (as regras que definem os padrões de construção em uma determinada jurisdição), bem como se o governo local permite um tipo específico de estrutura em uma determinada área. 

As autoridades locais concedem as permissões sob a condição de que os construtores demonstrem um planejamento e desempenho satisfatórios em várias áreas, incluindo a de design estrutural, materiais de construção, segurança contra incêndio, fiação elétrica e instalação de máquinas dentro das edificações, por exemplo, elevadores. Os códigos de construção também regem como as estruturas podem afetar um bairro. Por exemplo, como um projeto pode afetar o tráfego e o descarte de resíduos durante a construção e a ocupação? Os governos também podem impor padrões, como a exigência de que os construtores possuam certas qualificações, certificações e pré-requisitos adicionais de desempenho para instalações especiais, como hospitais ou estádios. 

A solicitação das permissões pode ser demorada e envolver um processo bastante rigoroso, portanto, reserve um bom tempo para essa etapa. Mesmo pequenas adições e alterações em residências podem exigir uma permissão. Reformas em prédios comerciais e novos projetos de qualquer tipo quase sempre exigem permissões. 

Em geral, um empreiteiro de confiança saberá se você precisa de uma permissão para um trabalho pequeno, mas, caso contrário, também poderá verificar isso com o departamento de construção municipal ou estadual. As autoridades podem inspecionar os planos de construção e visitar o local durante o planejamento, construção e após a conclusão da obra. A não obtenção de uma permissão ou o descumprimento dos códigos de construção pode resultar em multas e ordens para corrigir e, alguns casos, até demolir estruturas. Se você é o proprietário de um projeto, lembre-se de considerar o custo e o tempo para a emissão de permissões em seu orçamento e cronograma. Às vezes, o tempo gasto para obter uma permissão é superior ao de construção do projeto.

Os elementos do planejamento de obras: divisão de trabalho

Nessa seção, discutiremos o que pertence especificamente a um plano de construção. Todos os planos de construção compartilham alguns elementos comuns; o mais importante deles são o escopo ou resultado do projeto, a duração e o custo. Os objetivos do financiador do projeto também são importantes.

O dr. Khaled Hesham Hyari, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Hashemite, na Jordânia, tem uma apresentação útil que abrange as etapas e conceitos básicos no planejamento e definição de um cronograma. Confira uma explicação mais detalhada dos conceitos apresentados aqui.

O plano de construção divide todo o trabalho do projeto em tarefas, também chamadas de atividades, e inclui um cronograma de trabalho que mostra como sequenciar essas tarefas. Os gerentes de projetos acompanham o progresso da construção com base nesse cronograma. 

Os marcos, ou seja, os principais pontos de progresso no desenrolar do projeto, são especialmente cruciais. Eles indicam a conclusão de uma certa porcentagem do trabalho total, e atingi-los no tempo programado é um indicador crucial da sua capacidade de cumprir o cronograma geral. Cumprir ou não esses prazos também pode afetar a remuneração do empreiteiro. 

Já discutimos a importância de definir e listar todas as tarefas necessárias para concluir um projeto. Você compila essas tarefas na estrutura de divisão do trabalho (WBS), que é uma representação hierárquica de todo o trabalho em um projeto. Você apresenta a WBS como um produto final distinto. O menor elemento da estrutura da divisão de trabalho é o pacote de trabalho, que é um conjunto de tarefas relacionadas. Você gera uma lista de tarefas que inclui todas as tarefas do projeto em conjunto com a estrutura da divisão de trabalho.

Work Breakdown Structure

Como a WBS representa todo o trabalho na construção da estrutura, ela define o inteiro escopo do projeto. Ao atribuir custos antecipados a cada pacote de trabalho, você também usa a WBS como parte da estimativa de custos do projeto para preparar um orçamento preliminar. 

Estimador de construção

Baixe o modelo de estimador de construção

Excel | Word

 

Dois conceitos essenciais da divisão de trabalho são os levantamentos de quantidade (medidas detalhadas dos recursos necessários para concluir um projeto de construção) e a análise do valor (a prática de alterar as especificações do projeto para aumentar o valor dele mantendo o mesmo custo ou diminuir o custo do projeto e gerar o mesmo valor). Fator que afeta diretamente a estimativa de custos, o levantamento de quantidade é um processo que envolve calcular recursos como materiais, mão de obra e equipamentos necessários para concluir um determinado pacote de trabalho e, em seguida, multiplicá-los pelo número de vezes que esse pacote de trabalho ocorre no projeto.

Usando a divisão de trabalho, o plano de construção identificará as atividades de acordo com as seguintes informações: a parte responsável por completá-las, sua localização, o elemento estrutural a que pertencem, requisitos de equipe e equipamentos e os materiais utilizados nelas. Portanto, a WBS é uma ferramenta essencial para promover custos, cronogramas e responsabilidade de qualidade entre os participantes de um projeto.  

Como sistemas de codificação ajudam os planejadores de obras

Já tocamos no assunto de como os sistemas de codificação padrão simplificam a classificação e a organização do trabalho do projeto. Como o Sistema decimal de Dewey para os livros de uma biblioteca, esses sistemas fornecem um código numérico padronizado para praticamente qualquer elemento relacionado à construção.

O uso de códigos para o trabalho do projeto beneficia os planejadores porque os sistemas de codificação facilitam o compartilhamento de informações. Ao padronizar a nomenclatura dos elementos, esses sistemas garantem que todos estejam falando da mesma coisa. Eles também simplificam a organização e a digitalização dos detalhes de um projeto. Além disso, a codificação facilita a recuperação de dados históricos relacionados ao custo e ao tempo, o que garante uma uniformidade entre os projetos e facilita comparações.

O sistema mais amplamente empregado, o MasterFormat, fez sua primeira aparição no início da década de 1970, como o Índice de Uniformidade para Construções. Os dois primeiros dígitos de um código MasterFormat representam uma das 16 principais divisões de trabalho, como concreto, alvenaria, metais, madeira e plásticos, ou portas e janelas.

Um sistema de codificação de projeto é um sistema de classificação para itens de trabalho ou custo para um projeto específico. Seus benefícios são semelhantes aos de sistemas de codificação padrão, mas, como os códigos talvez sejam exclusivos de um construtor ou projeto, eles não oferecem os mesmos benefícios da colaboração ou comparação entre projetos dos sistemas de padrão. 

Principais etapas do processo de planejamento de obras

Vamos voltar à WBS e lista de tarefas. Depois de enumerar todas as tarefas do projeto, você estará pronto para criar um diagrama de rede, que forma a base do cronograma do projeto. As principais etapas incluem estimar a duração da tarefa, determinar a lógica do trabalho, elaborar um diagrama de rede e, em seguida, aplicar o método do caminho crítico (CPM) a esse diagrama. Discutiremos cada uma dessas etapas em detalhes.

Um componente principal da determinação do cronograma do projeto é estimar a duração da tarefa. Você pode estimar a duração de uma tarefa de várias maneiras, entre elas contar com a experiência pessoal, analisar dados históricos de tarefas em projetos semelhantes, dividir a quantidade total de trabalho que você realizará pela quantidade que você pode executar por uma unidade de tempo (ou seja, a taxa de produtividade ou a produção diária), usar a análise PERT (avaliação do programa e técnica de revisão) para calcular o tempo esperado para concluir uma tarefa, ou usar qualquer combinação dos métodos acima. 

PERT é uma técnica estatística desenvolvida pela Marinha dos EUA na década de 1950 para estimar a duração de tarefas e projetos. Ela usa estimativas otimistas, pessimistas e as mais prováveis para a duração de cada tarefa e, assim, cria a duração estatisticamente provável esperada para cada tarefa e, consequentemente, para o projeto como um todo. A fórmula é a seguinte e você pode encontrar uma calculadora útil aqui:

duração esperada = [otimista + (4*mais provável) + pessimista] ÷ 6

Você deve estimar a duração de uma tarefa de cada vez, pois estimá-las todas juntas diminuirá a precisão das estimativas individuais, restringirá a capacidade de criar diagramas de rede e reduzirá a precisão dos detalhes do cronograma. 

Ao calcular as durações com base nas taxas de produtividade, a taxa de produtividade padrão deverá supor um nível normal de recursos e insumos de trabalho. Certifique-se de que a equipe do projeto realmente tenha os recursos para prosseguir a taxa de produtividade normal calculada, tendo em mente que você talvez precise compartilhar equipamentos e mão de obra entre várias tarefas executadas simultaneamente por sua equipe. 

Da mesma forma, você não deve supor que as equipes do projeto farão horas extras. As unidades de tempo utilizadas (horas, dias, semanas e períodos de tempo mais longos apropriados para projetos maiores) devem ser consistentes em todas as atividades. Você deve basear a duração das tarefas em condições de campo realistas, não em suas esperanças de uma data de término específica.

Lembre-se de que muitas variáveis podem prejudicar sua estimativa. Condições meteorológicas adversas constituem a variável mais óbvia que pode atrasar em dias uma atividade. Além disso, os planejadores podem esquecer de considerar restrições físicas ou espaciais na produtividade. Se, por exemplo, vários grupos de trabalho estiverem compartilhando o mesmo espaço, o congestionamento pode resultar em taxas de produtividade reais mais baixas do que as calculadas originalmente. Esse problema em particular poderá surgir se, por exemplo, não houver espaço para todas as equipes terceirizadas instalarem simultaneamente seus equipamentos ou se vans de entrega e caminhões basculantes ficarem presos em congestionamentos nos arredores do canteiro de obras.

Planejadores de obras colocam as mudanças de design ou solicitações de retrabalho como as maiores causas de atrasos e inflação do orçamento. Horas extras podem mitigar o impacto que esses problemas têm sobre a duração de uma tarefa, mas aumentar a pressão orçamentária.

Outro fator a ter em mente ao considerar a duração de uma tarefa é a curva de aprendizado. A produtividade dos trabalhadores é menor do que a ideal enquanto eles se acostumam com o trabalho e ganham proficiência. À medida que eles vão acumulando experiência, a taxa de produtividade real se aproxima da esperada.

Determinar e representar a lógica de trabalho na construção civil

Depois de estimar a duração de uma tarefa, você terá que sequenciá-las por ordem de execução. Os relacionamentos e interdependências entre as tarefas são chamados de lógica de trabalho. A lógica de trabalho diz a posição de uma tarefa em relação às outras. Você precisa entender a lógica de trabalho de cada tarefa para construir um diagrama de rede e executar o método do caminho crítico.

Ao determinar a lógica de trabalho para uma determinada atividade, o planejador faz três perguntas:

  1. O que precede essa atividade?
  2. O que vem depois dessa atividade?
  3. O que acontece simultaneamente com essa atividade?

Se não existissem restrições físicas e de recursos, o planejador seria capaz de determinar a lógica de trabalho para cada tarefa simplesmente respondendo a essas três perguntas. No entanto, na maioria dos casos, isso não é tão simples. Há uma série de restrições práticas na lógica de trabalho.

As mais comuns são restrições físicas, como a pressuposição de que os tijolos precisam ser assentados antes de pintar as paredes. Outro tipo são as restrições de recursos, que se referem a um cenário em que você, por exemplo, não tem espaço, trabalhadores, materiais ou equipamentos suficientes para fazer tudo o que você poderia fazer simultaneamente. Ou seja, embora uma pessoa fosse teoricamente capaz de executar duas tarefas simultaneamente, essas duas tarefas estão em dois locais físicos diferentes. Assim, essa pessoa terá que executar as duas tarefas em série, não simultaneamente.

Stan Singh

 

Coordenar todos os terceirizados e participantes em um canteiro de obras pode ser um desafio, de acordo com Stan Singh, gerente de produtos da Raken, uma empresa de software de relatórios de campo.

"Coordenar e obter a aceitação são alguns dos desafios mais comuns que ocorrem em uma construção. Em um canteiro de obras, você tem um proprietário, arquiteto, empreiteiro geral e vários terceirizados em um único grupo reunido para construir um hotel, um edifício ou alguma coisa do tipo.", nas palavras de Singh.

Ele acrescenta: "Dependendo do tamanho do projeto, você pode ter de cinco a mais de 50 empresas trabalhando juntas em um canteiro de obras. Todos elas são interdependentes e, portanto, garantir a coordenação adequada e obter a adesão de todos é importante."

O ambiente também pode impor restrições práticas. O mau tempo pode impedir um tipo de trabalho (preparação do canteiro) e não afetar outro (trabalho de design auxiliado por computador). Se você programar essas duas tarefas simultaneamente, será necessário mudar a lógica de trabalho. Condições políticas ou econômicas, como a agenda controversa de um projeto ou a perda de um financiamento governamental, também podem impor restrições que exijam mudanças na lógica de trabalho.

A segurança apresenta uma quarta restrição. Por exemplo, um trabalho talvez exija mais pessoas em um mesmo local do que as normas de segurança contra incêndio permitem, ou as normas de segurança podem ditar a operação envolvendo pessoas e máquinas. Você talvez precise agendar pausas de descanso para um operador de equipamentos pesados. Nesse caso específico, você não conseguiria programar tarefas em série; em vez disso, as tarefas incluiriam períodos de descanso para o operador.

Depois que o planejador tiver definido a sequência de tarefas, ele estará pronto para criar um diagrama de rede. 

Construction Network Diagram

Um diagrama de rede é determinado pela lógica de trabalho, sendo uma representação visual das tarefas organizadas em sequência. É possível construí-lo de acordo com uma técnica chamada método do diagrama de precedência (PDM). No PDM, cada nó desenhado no diagrama de rede representa uma atividade distinta. Cada seta representa a lógica, os relacionamentos e as dependências entre as atividades.

O PDM é um pré-requisito para a programação de tarefas e o método do caminho crítico. Nesse ponto, você terá enumerado todas as tarefas, determinado as relações entre elas e preparado uma representação visual delas. O próximo passo é encontrar o caminho crítico.

O método do caminho crítico ajuda os planejadores de obras a fazerem previsões

Assim como a PERT, o método do caminho crítico remonta à década de 1950. Ele consiste em uma técnica algorítmica de programação de tarefas que identifica a sequência de pacotes interdependentes de trabalho em que qualquer atraso resultará em um atraso geral do projeto. Essa sequência representa o caminho crítico das atividades no diagrama de rede do projeto e é a série mais longa de atividades que você precisa terminar a tempo para concluir o projeto no prazo. Os planejadores podem usar o caminho crítico para calcular com quanta antecedência ou atraso as atividades podem começar e terminar sem influenciar na conclusão do projeto no prazo.

Tarefas que fazem parte do caminho crítico são tarefas críticas. Elas não abrem espaço para flutuação, o que significa que não é possível atrasá-las sem, em contrapartida, atrasar a data do término do projeto. O caminho crítico também tem flutuação total de zero, porque a sequência mais longa das tarefas planejadas determina efetivamente a duração total do projeto. Essa sequência é executada do início ao fim, e o projeto só pode terminar junto com ela, nem antes nem depois. Portanto, atrasar qualquer uma das tarefas críticas significa adiar a conclusão da construção por um período igual a esse atraso.

Dito isso, uma equipe não executa tarefas críticas uma após a outra, com pouco ou nenhum intervalo entre elas. Afinal, existem restrições na lógica de trabalho que podem afetar as datas de início do trabalho. Por exemplo, pode haver uma tarefa crítica que só pode ser executada durante o dia. Portanto, mesmo que você complete a tarefa que a precede na noite anterior, ainda haverá um espaço de tempo antes que você possa iniciá-la (durante o dia). Outras atividades não críticas podem, é claro, continuar, mas ainda não há como evitar esse espaço de tempo entre essas duas tarefas críticas. Esse espaço de tempo ― ou seja, essa restrição ― adiciona ao projeto é algo que chamado de arrasto.

Embora as tarefas críticas tenham flutuação igual a zero, as não críticas têm alguma flutuação. Você pode atrasá-las por um certo período sem afetar a data do término do projeto. O CPM usa duas passagens de um diagrama de rede ― uma de avanço e uma regressiva — para identificar as datas de início e término antecipadas e tardias para atividades não críticas.

Jargão do planejamento de obras: Folga, Compressão e Flutuação

A passagem de avanço pressupõe que todas as tarefas no diagrama de rede começarão e terminarão o mais cedo possível e identifica as datas de início e término antecipadas. A passagem regressiva pressupõe que todas as tarefas no diagrama de rede começarão e terminarão o mais tarde possível e identifica as datas de início e término tardias. Em seguida, você calcula a flutuação de uma tarefa subtraindo as datas de início antecipadas das tardias ou subtraindo as datas de término antecipadas das tardias. A flutuação também é chamada de folga.

O CPM ajuda os planejadores de obras a entender exatamente onde e como os atrasos nas tarefas podem afetar uma construção. Os planejadores também fazem uso dele para preparar um cronograma completo do projeto. Sem o método do caminho crítico, os planejadores não seriam capazes de antecipar, mitigar ou eliminar o impacto dos atrasos.

Duas técnicas de compressão de cronograma podem encurtar a duração do caminho crítico. A primeira delas, o crashing, diz respeito a lançar mão de mais recursos para tarefas críticas e, dessa forma, concluí-las mais rápido e encurtar a duração do caminho crítico. E o fast-tracking faz a execução de algumas tarefas críticas simultaneamente, em vez de em série, de modo que a data de término de uma atividade anterior se sobreponha à data de início da atividade seguinte.

Você pode visualizar o CPM usando um gráfico de Gantt, que é um gráfico que usa barras para representar as tarefas do projeto e um eixo x para representar cronograma dele.

Modelo básico de gráfico de Gantt

Baixe o modelo básico do gráfico de Gantt

Excel 

Na construção civil, o gráfico de Gantt mostra a lógica de trabalho em virtude de como as datas de início e término das tarefas se alinham. Você pode identificar o progresso esperado a qualquer momento em um cronograma de projeto, observando o que precisa ser concluído até certa data. Essa capacidade torna os gráficos de Gantt bastante úteis para determinar a linha de base do cronograma do projeto, que é o grau de progresso esperado em um determinado ponto do cronograma do projeto.

Um software torna as operações de planejamento de obras, como a elaboração de diagramas de rede CPM, a realização de cálculos de PERT e a criação de gráficos de Gantt, mais rápidas, fáceis e precisas. Além disso, o software facilita o rápido e confiável compartilhamento e atualização de informações.

Processo de planejamento de obras em 10 etapas

Além de usar listas de atividades, lógica de trabalho e técnicas como PERT e CPM para criar um cronograma, o processo de planejamento do projeto também ilustra como você gerencia recursos e finanças, lida com riscos e mantém a comunicação fluindo. Considere o processo de planejamento de 10 etapas apresentado a seguir:

  • Planejamento do projeto: o planejamento de projetos na construção civil envolve as etapas discutidas acima, a saber: criar listas de atividades, determinar interdependências, criar redes de tarefas, realizar análises de rede e elaborar cronogramas de projetos. Além disso, é necessário detalhar os marcos do projeto nessa etapa. Um aspecto crucial do planejamento do projeto é o planejamento do canteiro de obras. Esse processo analisa o canteiro de obras para ver como fatores ambientais podem afetar o projeto. Por exemplo, restrições de espaço, estabilidade do solo, clima, luz, acessibilidade, geografia, vida selvagem e proximidade com rios ou lagos podem afetar um projeto de construção civil. O planejamento do canteiro de obras garante que o plano de um projeto funcionará no campo.
    Construction Site Plan
  • Planejamento de recursos: detalha os materiais, mão de obra e equipamentos que você usará no projeto, tudo com quantidades específicas. O plano para os recursos é um documento importante para determinar custos e orçamentos. As projeções de mão de obra são um aspecto desafiador do planejamento de recursos. Compensar uma escassez de mão de obra é mais difícil do que lidar com a falta de um equipamento ou outros tipos de recursos. Flutuações rápidas na quantidade de mão de obra disponível são um indicador de um mau gerenciamento. Idealmente, você terá à disposição o número certo de pessoas com as habilidades certas no momento certo, visto que o excesso e a falta de pessoal ambos têm efeitos negativos. Esse conceito se aplica a mão de obra qualificada e não qualificada. As necessidades de mão de obra do projeto devem ser mapeadas com atenção especial ao caminho crítico, para que você tenha pessoal adequado à disposição nas fases mais movimentadas e, assim, consiga atender às datas estabelecidas pelos marcos.
  • Planejamento financeiro: está intimamente relacionado ao seu plano para os recursos. Um plano financeiro detalha os custos em que você incorre ao planejar os recursos e contabiliza gastos com administração e despesas indiretas. Também inclui reservas de contingência para eventos inesperados que possam inflar os custos do projeto. O plano financeiro pode mapear as despesas ao longo do projeto para que o gerente de projeto e os financiadores saibam quando precisarão de dinheiro.
  • Planejamento da qualidade: detalha os padrões que foram acordados para os produtos finais do projeto e é uma peça central do quebra-cabeça na prestação de contas dos empreiteiros. O plano para a qualidade também descreve os processos utilizados para manter a qualidade, bem como quais etapas serão tomadas caso a qualidade dos produtos não atender aos padrões. Ele define quem na equipe de projeto é responsável pela qualidade e como você medirá e comunicará aspectos relacionados a ela. O Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, uma das maiores agências de gerenciamento de construção civil do mundo, oferece cursos sobre gerenciamento da qualidade da construção para empreiteiros.
  • Planejamento de riscos: descreve os riscos a que um projeto pode estar suscetível e discute o que está sendo feito para eliminar, mitigar ou enfrentar os riscos considerados significativos pela análise de risco. Também estabelece como a equipe monitorará os riscos e responderá a eles caso acontecem. Há uma ampla gama de riscos associados a projetos de construção civil, desde preços flutuantes de matérias-primas até mudanças nas leis, incêndio, escassez de trabalhadores qualificados e desastres naturais. 
  • Planejamento de aceitação: define todos os produtos finais do projeto e os critérios de aceitação do cliente. É um documento importante por duas razões: garante a transparência no processo de avaliação e impede que os clientes alterem as especificações dos produtos finais por capricho. O plano de aceitação também ajuda a assegurar ao cliente que os padrões de uma edificação atenderão às expectativas. 
  • Planejamento de comunicação: garante um fluxo de comunicação adequado para construir e manter a confiança, garantir transparência e manter todos alinhados, especialmente em projetos complicados onde há muitas partes interessadas.Um plano de comunicação formaliza a maneira de lidar com as comunicações, abordando como você transmite informações (por e-mail, documentos em papel, reuniões, etc.), definindo seu público-alvo, indicando a frequência e definindo quem é o responsável por lidar com essas informações. As informações comunicadas variam de acordo com o público-alvo. Com equipes de campo, as informações compartilhadas são de natureza operacional. Com os financiadores, o provável tópico da conversa talvez esteja mais relacionado ao andamento do projeto.
    Brian Saab

Brian Saab, diretor executivo da empresa desenvolvedora do software de construção Unearth, enfatiza o caráter essencial do compartilhamento de informações entre as partes interessadas e os membros da equipe. "A parte mais importante do planejamento de uma construção é manter todos na mesma página. Muitas vezes, as partes interessadas não estão atualizadas com as últimas comunicações e mudanças no processo de planejamento", diz ele.

Plano de comunicação com as partes interessadas

Baixe o modelo do plano de comunicação de partes interessadas para o Microsoft Word

  • Planejamento de compras: explica onde e como você obterá os materiais e serviços necessários para o projeto. O planejamento de compras envolve a preparação de especificações de recursos, escolha de métodos (como a licitação oculta), preparação de cronogramas de compras e orçamento de recursos, além da prevenção de desperdícios. O planejamento de compras ajuda você a manter um bom relacionamento entre fornecedores e prestadores de serviço, economizar dinheiro e garantir a transparência em projetos públicos. O planejamento de compras usa o cronograma do projeto para garantir que os recursos certos estejam disponíveis no momento certo. 
  • Planejamento de contratos: diz respeito à celebração dos contratos com os fornecedores do projeto, que é feito quase no fim da fase de planejamento. Essa etapa envolve a abertura de licitação, solicitações de informações (RFIs) e de propostas (RFPs) antes da assinatura dos contratos com os fornecedores selecionados. Para garantir os melhores preços e satisfazer os requisitos de transparência de determinados projetos, é necessário não apenas selecionar os fornecedores com justiça, mas também ser capaz de produzir uma documentação extensiva desse processo.
  • Revisão da fase: realizada no final da fase de planejamento para fazer um balanço e decidir se o projeto está pronto para avançar à próxima etapa do ciclo de vida, que é iniciar a construção.

Monitoramento e controle com planejamento de obras

Um plano só é útil se você o seguir; portanto, monitorar e controlar a execução de um plano de construção é essencial.

O primeiro passo no monitoramento do plano de construção é decidir quais fatores ou métricas devem ser acompanhadas. As três métricas clássicas dizem respeito a se o progresso cumpre as previsões, se o produto atende aos padrões de qualidade e se o custo do projeto corresponde ao planejado.

Outras referências também podem ser importantes. Por exemplo, você está interessado em quão preciso é o plano na previsão da duração da tarefa? Alguns gerentes monitoram a capacidade do plano de identificar adequadamente as restrições impostas pelo local e pelas condições ambientais. Além disso, talvez você queira saber o nível de eficiência do plano na consideração dos riscos. 

Para métricas quantitativas, como custo e progresso do cronograma, você pode simplesmente calcular a diferença entre os números reais e planejados. Avaliar o desempenho do plano em relação aos aspectos qualitativos é um procedimento que envolve mais nuances. À parte o monitoramento de possíveis defeitos óbvios, é provável que você precise de alguém com especialização específica em uma área e experiência prática em projetos para dizer se o plano está funcionando como deveria.

O monitoramento quantitativo e qualitativo em tempo real de um plano é possível, mas extremamente desafiador. O monitoramento de métricas quantitativas em tempo real exige um fluxo pontual e preciso de feedback sobre o desempenho planejado e real. O monitoramento de métricas qualitativas em tempo real também apresenta um elevado grau de dificuldade. No entanto, essa atividade pode agregar valor, identificando áreas onde o projeto está se desviando do plano, antes que o dano seja irreversível (especialmente no que diz respeito ao desempenho do cronograma). Em ambos os casos, porém, você deve tentar isolar as falhas do plano e descobrir como justificá-las ou corrigi-las antes de iniciar seu próximo projeto.

A programação está no centro de um planejamento sólido na construção civil

Em projetos de construção civil, o gerenciamento do tempo é fundamental. Estabelecer um cronograma adequado abre o caminho para o uso eficaz dos recursos. Isso também permite que você acompanhe e controle o custo e a duração do projeto. Além disso, um cronograma preciso é peça central para analisar e se defender contra alegações de atrasos ou aumento excessivo do custo.

Um cronograma detalhado obriga os gerentes a pensar nos projetos com antecedência e permite que eles identifiquem problemas antes que eles surjam. O cronograma também torna possível garantir que itens com longos prazos de entrega estejam à disposição quando forem necessário. Ao avaliar os requisitos dos recursos, o cronograma torna possível prever o fluxo de caixa. Sobretudo, o cronograma é a maneira mais eficaz de comunicar um plano de trabalho.

Dave Gasson

"A primeira coisa que você precisa é de um plano. Você precisa sentar e programar todo o trabalho, não apenas improvisar”, diz Dave Gasson, vice-presidente de operações da REDCOM Design & Construction de Nova York e Nova Jersey. "Você precisa fazer uma boa lista dos itens que demoram para ser entregues e saber os prazos de entrega deles; o mesmo vale para os materiais ou terceirizados especializados que, devido à alta demanda, tem uma programação que você precisa contornar."

Há vários tipos de cronogramas de planejamento de construção à disposição dos planejadores, e um software para elaboração de cronogramas de obras pode facilitar o trabalho. 

Os dados fornecidos pelo CPM ajudam a produzir um cronograma de projeto que pode ser detalhado em vários níveis. 

Você prepara o cronograma de base diretamente a partir dos dados fornecidos pelo CPM. Às vezes chamado de cronograma inicial, o cronograma de base é a versão original que servirá de padrão aos demais elaboradores.

O cronograma de antecipação é um extrato do cronograma principal do projeto que cobre apenas um curto período (geralmente algumas semanas) das próximas atividades da construção. Um cronograma de antecipação permite que o gerente de uma obra se planeje com antecedência e garanta que o projeto não esteja atrasado na linha do cronograma de base.

Modelo de cronograma antecipado de 3 semanas para planejamento de projeto de construção

Baixe o modelo de cronograma de antecipação

Excel   |   Word 

Cronogramas de intervalo curto, assim como os cronogramas semanais ou cronogramas de marcos, são exemplos de cronogramas de antecipação. Um cronograma semanal faz uma previsão para a semana à frente, enquanto o de marco prevê o caminho até o próximo marco. Os cronogramas ajudam os gerentes de obras a ver um plano de ação para o futuro imediato. 

Uma atualização do cronograma faz uma das duas coisas: adiciona as datas reais de início e término das tarefas a um cronograma de base ou muda a lógica de trabalho do cronograma de base para refletir o andamento real das atividades. (O ato de mudar a lógica de trabalho também é conhecido como uma mudança de lógica). Uma atualização do cronograma simplesmente acompanha o desdobramento do projeto.

O cronograma executado é uma versão atualizada para mostrar o progresso real durante a fase de construção.

Um cronograma simulado ou hipotético é uma ferramenta importante na análise de hipóteses, que examina o impacto de eventos específicos no cronograma de um projeto. Se você sabe que vai atrasar as tarefas por algum motivo, crie um cronograma hipotético a partir da linha de base para avaliar o impacto do atraso no andamento do projeto e na data de conclusão programada.

Por razões práticas, você pode visualizar o cronograma de um projeto em vários níveis de detalhes, dependendo do tamanho do projeto e de quem usará a versão do cronograma. Veja alguns exemplos de hierarquia para cronogramas (a ordem de listagem aqui é pelo aumento do nível de detalhes):

  1. Cronograma mestre do projeto: conciso, lista marcos e produtos finais importantes
  2. Cronograma mestre de subprojeto: divide um projeto grande em subprojetos componentes
  3. Cronograma detalhado de subprojeto: detalha tarefas e lógica de trabalho para subprojetos
  4. Cronograma de trabalho detalhado: altamente granular, usado no campo

Há outro sistema de classificação de cronograma de projeto, que usa cinco níveis de cronograma. Um cronograma de nível 1, ou de nível de gerenciamento, geralmente tem cerca de uma página e mostra marcos importantes do projeto em um gráfico de Gantt. Um cronograma de nível 2, ou cronograma de resumo do projeto, mostra tarefas integradas de alto nível utilizadas nos relatórios de gerenciamento. Um cronograma de nível 3, ou cronograma de nível de controle, também é integrado, mas mostra todos os marcos e tarefas importantes. Você pode usar esse nível para o controle do projeto. Um cronograma de nível 4, também conhecido como cronograma de rede detalhado, mostra todas as tarefas do projeto em detalhes. Por fim, um cronograma de nível 5, ou também cronograma de relatório detalhado, inclui todas as tarefas e etapas de trabalho. Use esse nível para a documentação e enumeração de produtos entregues e itens a serem adquiridos.

Se você está interessado em aprender mais sobre planejamento e programação na construção civil, o Handbook for Construction Planning and Scheduling, de Andrew Baldwin e David Bordoli, publicado pela Wiley, é um bom guia para profissionais no início de carreira, e o livro didático Construction Planning and Scheduling, de Jimmie Hinze, traz uma cobertura ampla sobre os tópicos no campo.

Como Lean está mudando o planejamento da construção civil

Os métodos Lean estão mudando o planejamento da construção civil. Os princípios Lean se concentram na redução de resíduos ― esforços que não agregam valor ao produto final ― em processos de produção. No planejamento da construção civil, uma das aplicações mais conhecidas dos princípios Lean é o Last Planner System® (LPS), uma marca comercial do Lean Construction Institute. 

O nome Last Planner System se deve à prática de envolver os últimos planejadores no campo ― os encarregados ou coordenadores de design ― no planejamento da construção em uma proporção cada vez maior à medida que a data da construção propriamente dita se aproxima. Os defensores do método dizem que esse sistema representa uma grande melhoria no CPM, e alguns planejadores de obras estão combinando as duas abordagens. 

O LPS é baseado no princípio de que os planos são inerentemente imperfeitos e tendem a ser mais imprecisos quanto mais cedo são desenvolvidos. Em vez de incentivar o planejamento detalhado de um projeto inteiro, o LPS defende estabelecer um planejamento-mestre e aumentar o nível de detalhes à medida que a data de execução se aproxima. Para fazer isso, o LPS prevê reuniões com a equipe para discutir quando e como eles executarão o trabalho, com o maior foco no trabalho que precisa acontecer em um futuro próximo. Para implementar o LPS, os planejadores podem pegar emprestado uma série de técnicas da produção Lean, por exemplo, o sistema Kanban de sugestões visuais (por exemplo, notas adesivas ou cartões) para indicar entregas e o princípio Kaizen de melhoria contínua.

O Last Planner identifica cinco estágios principais de planejamento, cada um com um nível ligeiramente maior de detalhes. A primeira etapa, o planejamento-mestre, é uma identificação refinada dos principais marcos do projeto e dos prazos para alcançá-los. Você pode contar com os últimos planejadores já na fase do planejamento-mestre. Na sequência do planejamento-mestre, aparece o planejamento de fases, que é feito antes de cada fase importante do projeto. Normalmente, define-se uma fase como o trabalho que deve ser concluído entre dois marcos, e os vários planejadores de obras (incluindo os últimos planejadores) discutem como realizarão as tarefas na fase. Você pode pensar no planejamento de fases como uma série de compromissos que levam um projeto do ponto A ao ponto B. Juntos, o cliente ou proprietário e os representantes do empreiteiro entram em acordo sobre esses compromissos.

O planejamento de preparação, que sucede a fase de planejamento, envolve um exame dos processos que serão utilizados para alcançar um marco de fim de fase. As restrições são barreiras a esses processos, que os construtores se comprometem a remover até uma data acordada, geralmente anterior ao início da execução de uma fase. O segundo objetivo do planejamento de preparação é garantir que todas as tarefas que precisam ser concluídas durante a fase sejam gerenciáveis e classificáveis; caso contrário, é possível dividi-las em subtarefas.

A quarta etapa, o planejamento semanal do trabalho, é um estágio bem simples. Envolve atribuir as tarefas que precisam ser concluídas em um período conhecido e curto de tempo e detalhar essas tarefas no dia a dia.

O aprendizado é o estágio final, que é conduzido após a execução de uma fase. Os construtores se concentram em três métricas para avaliar o sucesso do trabalho em uma fase: a porcentagem do plano concluído (PPC), que corresponde às tarefas que foram realmente concluídas como planejado; as tarefas preparadas, que representam o número de tarefas identificadas que realmente foram preparadas para execução durante a fase de preparação; e as tarefas previstas, que são aquelas em uma fase identificadas corretamente durante o planejamento de preparação. 

Chris Dowler, diretor de soluções da Dowler Construction Services, em Madison, Connecticut, diz que as retrospectivas fornecem lições para os participantes do projeto.

 

Chris Dowler

Construção com o Last Planner: "Devo, Posso, Farei, Fiz, Aprendi"

Uma maneira fácil de considerar esses cinco estágios de planejamento é por meio do sistema "devo-posso-farei-fiz-aprendi". O planejamento-mestre e o planejamento de fases se enquadram na categoria "devo", pois eles identificam o que você deve realizar. O planejamento de preparação está na categoria"posso", visto que se concentra no que os construtores podem realmente alcançar através da remoção das restrições. Quanto ao planejamento semanal do trabalho, sua categoria é "farei", tendo em vista que os indivíduos se comprometem com as tarefas que farão em um período determinado. Por fim, o aprendizado se encaixa na categoria"fiz", pois se concentra no trabalho que você fez e nas lições aprendidas.

A principal vantagem do LPS é que ele reduz a quantidade de planejamento no início de um projeto. Envolver os últimos planejadores na conversa de planejamento aumenta o compromisso deles com o projeto e constrói confiança entre planejadores de maior e menor detalhamento.

Um dos principais pontos contrários ao Last Planner é a desconfiança dos clientes que talvez tendam a vê-lo como um planejamento improvisado. Entretanto, gerentes de projeto que procuram adotar apenas alguns aspectos do LPS podem se deparar com situações indesejadas. O sistema é holístico, de modo que a escolha avulsa de aspectos variados do LPS pode interromper o fluxo de informações e atrapalhar o planejamento mais detalhado no centro do sistema. 

A principal crítica do LPS ao CPM é que este exclui da discussão de planejamento a opinião vital dos últimos planejadores, ignorando, portanto, uma valiosa fonte de conhecimento especializado e perdendo a chance de envolver esse pessoal no compromisso com o projeto. Além disso, o foco em um planejamento muito antecipado se traduz no desperdício de uma parte dos esforços, já que é muito provável que os planos mudem.

Em contrapartida, os críticos do LPS apontam que também há o risco de perder tempo em um planejamento tardio e colaborativo.

Há, no entanto, uma solução que fica a meio caminho, que adota o melhor das duas as abordagens: o foco do CPM na programação eficiente e a capacidade do LPS de adaptar os planos com base nas informações do campo. Assim, um projeto que combina CPM e LPS durante as fases de planejamento e execução pode usar CPM para identificar o caminho crítico, marcos importantes do projeto e datas de conclusão de tarefas desejadas. E, em seguida, a equipe poderia usar LPS para fazer o ajuste fino do cronograma, planejar tarefas ou fases com antecedência e dar à equipe de campo a oportunidade de participar no processo de planejamento. Essa dupla abordagem pode produzir um planejamento flexível quando necessário, mas ainda orientado por datas ideais de início e término das tarefas.

Last Planner System

Outras maneiras de como o Lean influencia o planejamento de obras

Os planejadores de obras estão adotando o foco de Lean na redução de resíduos também de outras maneiras. Yves Frinault, diretor executivo do Fieldwire, um aplicativo voltado ao trabalho de construção no campo, diz que a superprodução é uma armadilha comum.

Yves Frinault

"Muitas empresas exageram na encomenda do estoque ou precisam pedir material extra por causa de má qualidade. Para resolver esse problema, as empresas precisam desenvolver operações mais enxutas", diz ele. "Em vez de planejar tudo com antecedência, elas devem se ajustar à medida que o projeto evolui."

"Por exemplo, entregas muito antecipadas de material de construção podem gerar em desperdícios no caso de mudança do projeto. Nesse caso, seria melhor para as empresas encomendar apenas a quantidade necessária de material para a produção imediata. Essa estratégia de planejamento de obras dá mais flexibilidade às equipes, o que pode ajudar a evitar a superprodução e excesso de estoque no canteiro", conclui Frinault. 

O planejamento de segurança é fundamental no planejamento de obras

A construção civil é uma indústria perigosa: em 2015, de acordo com a OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional), o setor foi responsável por uma em cada cinco mortes de trabalhadores na indústria privada, totalizando 937 mortes. A OSHA também diz que um em cada 10 trabalhadores da construção civil sofrerá uma lesão em um determinado ano, sendo as quedas as maiores causadoras desses ferimentos, o que não surpreende, já que a proteção contra quedas é o padrão da OSHA desrespeitado com mais frequência

Embora o planejamento de segurança seja importante, talvez ele não receba muita atenção nos projetos residenciais implementados por pequenos empreiteiros. Nos projetos grandes, porém, um planejamento de segurança pode ser um requisito da OSHA ou de outra agência reguladora. A OSHA tem 10 requisitos de plano de segurança para a indústria da construção civil, e o padrão OSHA 29 CFR 1926, intitulado "Regulamentos de saúde e segurança para construção civil", explicita as normas de segurança para os projetos de construção.

O princípio central do planejamento de segurança é a redução de riscos e a eliminação dos perigos. O objetivo final é evitar lesões ou morte no canteiro de obras, primeiro através da prevenção, seguida da resposta de emergência. O planejamento de segurança não é feito isoladamente: acontece em conjunto com o planejamento regular do projeto. Para ser eficaz, o planejamento de segurança deve ser um esforço contínuo que muda com as condições do canteiro e do ambiente.

Você deve integrar o planejamento de segurança ao design e cronograma do projeto. Durante a fase de design, os planejadores precisam identificar os perigos que as equipes de construção enfrentarão. Os planejadores devem instalar medidas de segurança como extintores de incêndio, kits de primeiros socorros e veículos de evacuação. 

Os planejadores não devem basear o plano e o cronograma do projeto na condição de que pessoas ou máquinas trabalhem além da capacidade segura e devem observar os limites de ocupação para espaços confinados. Você também deve abordar o planejamento de segurança durante a estimativa de custos do projeto, para alocar as quantias que cobrirão as medidas de segurança. 

Alguns proprietários de projetos impõem padrões de segurança adicionais. Por exemplo, a Universidade de Harvard publica as normas de segurança que espera que os empreiteiros sigam. Lembre-se que o planejamento de segurança também precisa levar em conta os terceirizados.

Grande parte do planejamento de segurança envolve identificar perigos específicos ― uma prática chamada análise de riscos de trabalho ― e determinar como gerenciar seus riscos. Essas etapas de controle de risco, juntamente com os planos para o que fazer se um acidente ocorrer, são as estratégias de gerenciamento de segurança do projeto.

Há inúmeros exemplos de listas de verificação de segurança, incluindo a lista de verificação de segurança da OSHA para construção civil, uma do Center for Construction Research and Training e outra do Washington State’s Department of Labor & Industries

Por dentro de um plano de segurança para construção civil

Um plano de segurança para construção precisa incluir seções específicas e responder a algumas perguntas-chave. (Veja a lista abaixo.) Você também pode ler este artigo de David Bruckheimer, diretor de pessoal, segurança e treinamento da Pembroke Construction Company, sobre como escrever um plano detalhado de segurança para construção.

  • Quem é o representante da segurança? O representante da segurança garante que um projeto siga as normas de segurança, que os funcionários recebam treinamento específico e que o plano de segurança permaneça atualizado. Se não houver um representante, o plano deverá nomear uma pessoa ou grupo responsável pela segurança dos trabalhadores, determinar se há uma alocação orçamentária para isso, além de descobrir qual o nível de qualificação de segurança as partes responsáveis possuem.
  • Qual é o plano de tratamento médico? Há um médico no local para tratar ferimentos leves e prestar assistência médica de emergência no caso de lesões mais graves? Que tipo de instalações de tratamento médico o canteiro dispõe? Se um trabalhador sofrer uma lesão que não pode ser tratada no local, para onde ele será levado para tratamento e em quanto tempo?
  • Inspeções de segurança: o plano de segurança precisa detalhar a programação de inspeções de segurança. Essas inspeções verificam se as normas de segurança estão sendo seguidas.
  • Treinamento contínuo de segurança: novos equipamentos ou condições no canteiro representam novos perigos e riscos. Os funcionários precisam receber treinamento e instruções adequados para situações desconhecidas. No plano de segurança, é preciso explicar como e quando você fará isso.
  • Limpeza das áreas de trabalho: escorregões e quedas podem causar lesões nos trabalhadores. O plano de segurança precisa mostrar como as áreas de trabalho serão mantidas limpas, secas e sem riscos de tropeções.
  • Equipamento de proteção: aborde o tipo de equipamento de proteção à disposição dos trabalhadores e seus planos para garantir o uso deles. 
  • Relatórios de acidentes: quem precisa ser comunicado no caso de um acidente ou ferimento no canteiro e quais protocolos precisam ser seguidos? Quem é responsável por lidar com os riscos?
  • Dispositivos de aviso: descreva o tipo de dispositivos de aviso de segurança em uso no canteiro de obras e como a equipe deve operá-los. Estes incluem barricadas, iluminação, alarmes de reserva em equipamentos, câmeras, detectores de colisão e luzes estroboscópicas.
  • Proteção contra incêndio: explique os procedimentos de incêndio, onde estão os extintores e alarmes, como você entrará em contato com os bombeiros e o responsável pelo uso dos equipamentos de extinção de incêndio. Além disso, enfatize a necessidade de armazenamento seguro de substâncias inflamáveis.
  • Inspeções de equipamentos: crie um cronograma para verificações de segurança dos equipamentos e explique o que constitui uma ordem de trabalho adequada. Também identifique a equipe responsável pelas inspeções dos equipamentos de segurança.
  • Procedimentos de bloqueio/sinalização: descreva os procedimentos de bloqueio/sinalização em uso no canteiro e quem tem permissão para remover uma etiqueta de bloqueio. Esses procedimentos evitam que os funcionários se machuquem caso suponham, por engano, que uma máquina ou fonte de energia está desligada. O protocolo exige que os planejadores inutilizem completamente fontes de energia perigosas (pneumáticas, hidráulicas e mecânicas) antes de um reparo ou manutenção. A OSHA exige treinamento, procedimentos escritos e inspeções.  
  • Comunicações de emergência: identifique as pessoas encarregadas de coordenar e responder às comunicações de emergência, detalhe como contatá-las e explique como essas comunicações serão transmitidas.
  • Terceirizados: deixe claro que suas políticas de segurança se aplicam a terceirizados. Além disso, identifique quem é o responsável por aplicar essas políticas.
  • Regulamentos de segurança: identifique as normas de segurança que seu projeto deve cumprir.
  • Plano para revisão periódica: estabelece quando o plano de segurança deve ser reavaliado e atualizado, além de indicar quem aprovará as atualizações.

Um exemplo de um guia passo a passo de planejamento de segurança para construção civil à sua disposição é o Construction Safety Planning, de David MacCollum.

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